Alguns passaram pela minha vida depois de você. Uns melhores, uns piores. Uns que me fizeram sorrir bem mais, uns que me fizeram sentir mais raiva. Uns que trataram como princesa, uns que me trataram como um objeto sem grande valor.
Conheci lugares novos, pessoas novas, sensações novas. Criei novas poses pras minhas fotos. Experimentei umas novas bebidas... Passei um pouquinho do ponto.
Esqueci a chave em casa, faltei trabalho e fingi doença. Cuidei mais de mim, me amei um pouco mais que o normal.
Um tempo se passou depois que você foi, depois daquela última imagem sua sentado no meu colo, do ronco do motor do seu carro. Escuto-o todas as noites, tão certo quanto o som do canto dos pássaros no fim da tarde.
Desde então são só lembranças, vontades que não pude matar, momentos que não pude ter... Não eram meus, eu sei. Não serão meus, eu já sei. Talvez por isso, você insiste em não sair de mim mesmo depois de ter sido dispensado por atrasar o aluguel. Que mau, hein? Que péssimo!
As horas continuarão passando, elas não param... O tempo não para! Sou, hoje, mais experiente do que era no dia em que você entrou pela porta principal, não bateu, não pediu licença. Entrou sem limpar as solas, sentou-se no sofá e pediu um café. Talvez um dia você vá embora e leve a sujeira que trouxe, talvez fique por mais alguns anos e jogue conversa fora com um outro alguém, que eu colocarei para tomar o seu lugar. Talvez eu nem coloque... Talvez...

Mari dos Santos